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16 de jan. de 2012

Conto pra boi dormir.

uma garrafa de vinho branco e um milhão de pensamentos escorrendo pelos dedos. 

CONTO PRA BOI DORMIR.


Ela já enchia a segunda taça de vinho branco quando a centelha daquele pensamento cruel a empurrou contra a parede, cercando-a de dúvidas que ela sabia, já tinham resposta. Havia um tempo que ela se ocupava de solidão e faz de conta, fugindo destas verdades inconvenientes e - sim - até um tanto clichês.
Sentia-se bem assim, sozinha. Tão prático, seguro, indolor. Havia feito um pacto consigo mesma: aceitaria uma rotina morna pela paz de nunca mais sofrer por amor. Sem historinhas sonhadas antes de dormir ou frios na barriga, mas a certeza absoluta de que nada a tiraria de seu equilíbrio usual. Convivia bem com o social, sem sentir falta de dividir o travesseiro, apertar-se embaixo da coberta, sorrir antes mesmo de dar bom dia.
Até que alguém segurou a sua mão daquele jeito que, no fundo, a gente sabe que faz um segundo inteiro valer a pena. Daquele jeito que responde a todas as perguntas, que revela todos os segredos, que desfaz todas as amarras. E então ela soube.
Ela tinha colocado o amor de lado.
Mas queria um amor DO lado.



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