Aos que vieram buscar poemas, lamento. Esta é apenas uma carta para a minha consciência, tão íntima que preferi tornar pública; esperando que a vida poupe quem a ler de ter que aprender a aceitar o destino de forma tão dolorida quanto eu.
Minha trilha para este texto: KT Tuntstall - Heal Over
Eu não quero escrever um poema. Não quero rimas bonitas e finais impactantes. Quero escrever sobre esse momento tão difícil para um dia voltar e lê-lo e me sentir feliz por ter superado. É preciso que eu o registre para jamais esquecer que tudo o que vem, vai; e tudo o que vai, volta.
Há pouco mais de dois meses eu subia a escadaria da igreja para agradecer a vida que tinha. Lembro com uma clareza cristalina a cena de eu sorrindo e dizendo para minha mãe:
- Mãe, quem no mundo poderá ser mais feliz do que eu? Eu tenho saúde de ferro, família unida, amigos fiéis, uma empresa próspera e encontrei o amor da minha vida! Pode existir felicidade mais plena do que esta?
Quase oitenta dias depois eu sofro de gastrite e insônia. Minha casa desabou. Meus amigos me julgaram. Meu trabalho não me satisfaz. E o amor, apesar de senti-lo tanto quanto antes, já não posso chamar de meu.
Eu perdi tudo o que fazia sentido pra mim. Tudo!
A vida me mostrou de forma cruel que é preciso ser humilde perante o destino e aceitar.
Eu aceito, vida. Eu aceito.
Sei que o tempo traz o bálsamo de novas alegrias e sentidos. Mas... e até lá?