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16 de jan. de 2012

Conto pra boi dormir.

uma garrafa de vinho branco e um milhão de pensamentos escorrendo pelos dedos. 

CONTO PRA BOI DORMIR.


Ela já enchia a segunda taça de vinho branco quando a centelha daquele pensamento cruel a empurrou contra a parede, cercando-a de dúvidas que ela sabia, já tinham resposta. Havia um tempo que ela se ocupava de solidão e faz de conta, fugindo destas verdades inconvenientes e - sim - até um tanto clichês.
Sentia-se bem assim, sozinha. Tão prático, seguro, indolor. Havia feito um pacto consigo mesma: aceitaria uma rotina morna pela paz de nunca mais sofrer por amor. Sem historinhas sonhadas antes de dormir ou frios na barriga, mas a certeza absoluta de que nada a tiraria de seu equilíbrio usual. Convivia bem com o social, sem sentir falta de dividir o travesseiro, apertar-se embaixo da coberta, sorrir antes mesmo de dar bom dia.
Até que alguém segurou a sua mão daquele jeito que, no fundo, a gente sabe que faz um segundo inteiro valer a pena. Daquele jeito que responde a todas as perguntas, que revela todos os segredos, que desfaz todas as amarras. E então ela soube.
Ela tinha colocado o amor de lado.
Mas queria um amor DO lado.



inspiração hoje, ontem e sempre:

11 comentários:

@caiostolf disse...

Curti! Texto e música!

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Engraçado tu postar algo a respeito disto pois hoje mesmo eu estava a discutir com um amigo sobre o medo de simplesmente deixar que um caso siga adianta.

Não temos compromisso nenhum. Não nos cobramos nada. Mas tenho medo de seguir adiante. Adotar uma postura de "colocar o amor de lado" é triste, mas é cômoda. É um tipo de sofrimento tolerável. Na realidade a gente está tão acostumado a ficar sozinho que poder doer à vontade. Já sabemos como lidar com essa dor.

É muito mais fácil lidar com a dor da solidão do que com a dor da decepção. Ou com a dor do remorso de ter machucado alguém. Ou com a dor de achar que deixou uma oportunidade passar por tentar se segurar em algo que nem se sabe se vai durar muito tempo. Ou qualquer outro tipo de dor que só se pode se provar numa relação a dois.

Jardel Frare disse...

Até que de repente ela sentiu o revoar de borboletas no estômago...

Cami Fiamoncini disse...

CAIO;
Anathema é, sem dúvida, minha banda preferida. É inspirador :D

Cami Fiamoncini disse...

BRUNO,
incrível esse teu comentário. Me peguei a pensar por umas horas... é exatamente isso: a arte de hesitar frente as oportunidades. E por que? Por que esse medo, se mudam as relações mas a dor é sempre igual?

Cami Fiamoncini disse...

JARDELZINHO;
Até que de repente ela sentiu o revoar de borboletas no estômago. E tudo poderia ser jardim outra vez.

Anônimo disse...

.

O seu estilo me lembrou um pouco da Clarice e seus contos! Olha, como você está poderosa! Eu comparando a senhorita a Lispector! Deveria escrever um livro! Pois é, eu sou daqueles que o amor pega fácil e de maneira rasteira! Nem me importo! Quando fui embora pensei que me teria tempo para curtir esse lado eu sozinho, mas eu já vivia sozinho! Há muito tempo! Por meio das palavras nós nos abraçamos! É hoje estou meio poeta, pegando carona na sua inspiração! BEIJAÇO!

Cassia disse...

Eu aposentei todo meu amor.

disse...

Sempre que eu leio é uma sensação diferente. Obrigada por me fazer sentir isso.

Unknown disse...

Gostei muito dos seus textos, esse em especial, pois invertendo os sexos, se encaixa perfeitamente à minha vida. Estou te seguindo, convido-te a conhecer o meu blog também, já tive a sua visita nele há uns meses atrás: http://robertbrotzke.blogspot.com/
Parabéns, tens um belo dom com as palavras.

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